O controle de palet dentro de uma operação logística é algo que requer muito cuidado para não gerar custo excessivo e desnecessarios.
Modelos podem ser de madeira, plástico ou aço, mas
precisam de cuidados como qualquer outro acessório para aumentar sua vida útil
Quando se
trata de logística, é difícil pensar em uma operação que não envolva paletes.
Com exceção de alguns produtos específicos, a maior parte da movimentação é
paletizada. Nesse contexto, as empresas encaram esta peça como parte de seu dia
a dia, mas muitas vezes não dão sua devida importância. Os paletes, como
qualquer outro equipamento possuem diferentes características aplicações, além
de exigirem cuidados específicos. Entre os modelos de madeira, aço e
plástico, a Revista INTRALOGÍSTICA reuniu alguns fabricantes do setor para
esclarecer o que deve ser levado em consideração na escolha do palete, e como
utilizá-lo corretamente.
O palete de madeira é, de longe, o modelo mais
comercializado no Brasil. Mas os outros fabricantes também buscam por sua
parcela no mercado. Heide Alexandre, diretor da Savik, acredita que uma das
vantagens do palete de aço é a facilidade de customização. Essa característica
permite que os equipamentos sejam dimensionados para se adequar a cada
necessidade do cliente. Esse modelo é muito utilizado pela indústria
alimentícia e farmacêutica. Já os de plásticos são adequados para a indústria
automobilística e também alimentícia. O coordenador de vendas da Siris, Marcelo
Marsom, acrescenta na lista de vantagens do plástico as exigências sanitárias.
"Para algumas empresas, o uso de paletes plásticos é uma determinação da
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)".
O palete
plástico, além de ser reciclável, tem características que o tornam extremamente
durável. Feito a base de resina, Cleber Massarenti, do setor de vendas da PLM
explica que o processo de fabricação consiste em chapas plásticas que são
aquecidas por irradiação de calor e moldadas a partir de um ferramental,
tomando as formas finais. O uso do plástico é viável, pois suas características
permitem que o mesmo retorne diversas vezes, mas o custo inicial ainda
inviabiliza, em muitos casos, a aquisição desse modelo. Para Renato Almeida,
gerente comercial da Schoeller há uma discrepância muito grande com relação à
madeira, por exemplo, que não paga IPI, enquanto do plástico é cobrado 15% em
cima do valor do palete.
O palete
de madeira permite fácil customização pois não necessita de investimento
inicial para desenvolvimento de novos modelos. Se a madeira, por um lado, é
mais barata devido aos baixos impostos, por outro, sofre com o mercado ilegal.
Por conta da dificuldade em controlar os paletes, é muito comum em grandes
mercados e até mesmo em centros de distribuição, encontrar paletes de segunda
mão sendo vendidos ilegalmente. Valdir Zelenski, gerente comercial da Matra,
conta que, por ano, são produzidos entre 8 e 10 milhões de paletes novos mas o
número de usados que circulam ainda é muito maior.
Os fabricantes de paletes de aço
também têm dificuldade em divulgar os benefícios do produto e disseminar seu
uso. Diego Andreis, engenheiro da Bertolini, contou que as dificuldades que os
fabricantes de paletes plásticos encontram também com a resina, eles encontram
com as siderúrgicas. Poucas empresas detêm os meios de produção, o que faz com
que o preço aumente, resultando em um produto final mais caro.
Conservar é o segredo
Um dos
principais aspectos considerados é a conservação do palete. Seja o palete de
madeira, plástico ou aço, com a manutenção adequada, eles podem durar anos, mas
no Brasil, em muitas operações, é difícil conseguir alcançar tanto tempo devido
ao mau uso do equipamento, que precisa de cuidados na armazenagem e na
movimentação. "Alguns clientes utilizam a mesma peça por 10 anos e outros
em seis meses já avariam o produto", conta Cleber. Para ele, a vida útil
do palete está diretamente ligada ao com o cuidado com o mesmo. Por isso, falta
conscientização em quem o utiliza. É comum receber de volta paletes
avariados, quebrados, mostrando que ainda não se tem cuidado adequado com esse
importante recurso da logística. Douglas Vieira, diretor da Mevisa, empresa que
faz locação de paletes de aço, conta que alguns paletes se perdem, são
danificados e a empresa acaba incorporando os gastos com manutenção em seus
custos.
Em
relação ao cuidado, a manutenção é, provavelmente, o mais importante aspecto a
ser levado em consideração para que a vida útil do palete seja maior. Para
Valdir, as empresas consideram apenas o preço de aquisição do palete, mas
esquecem de calcular custos com manutenção, perda, coleta, etc. A madeira tem
algumas vantagens em relação a outras matérias-primas quanto a manutenção pois
é possível trocar apenas a peça comprometida. Valdir conta que 80% das
reformas feitas se dá nas garras inferiores e no deslocamento de blocos, por
conta dos garfos das empilhadeiras, mostrando a falta de cuidados que existe
com esses equipamentos. Armando Carvalho, diretor da Freeart, calcula que os
custos com manutenção de um palete de aço gira em torno de 8% do seu valor,
enquanto um de madeira, 25%. "Com a devida manutenção, o palete de aço
pode durar até 20 anos. O problema está nos custo inicial", comenta. Já
com o plástico não há manutenção, mas em compensação, é mais difícil de
quebrar. A Schoeller desenvolveu um palete plástico feito em partes. Essa
solução permite que haja manutenção e é utilizada hoje pela indústria
automobilística, mas o custo para produzi-lo é muito alto e seu uso muito
específico.
Pool de paletes
É nesse
cenário que a Matra tem investido no pool de paletes. "A maioria das
empresas não tem controle sobre o palete, facilitando que sejam desviados,
perdidos ou quebrados", comenta Valdir. Hoje a empresa gerencia 23 contratos
de pool de paletes, onde a gestão de toda a logística reversa fica por conta da
Matra. Valdir conta que uma operação pequena de pool abastece entre 40 mil e 50
mil paletes por mês. O projeto, iniciado em 1997, só foi aplicado a partir de
2004 e demorou mais seis anos para conseguir um equilíbrio entre o
abastecimento mensal do cliente com o que é coletado no mercado. A empresa
desenvolveu uma ferramenta que controla o palete desde sua saída da Matra até o
abastecimento em terceiros (operadores logísticos) e o ponto de coleta, que é o
varejo. Renato, da Schoeller, vê a logística reversa como a maior dificuldade
para introduzir o palete plástico no mercado. Para ele, é difícil não só obter
informações sobre o processo, como também é preciso que os clientes criem
consciência e se adequem a esse processo. "É preciso ter as
ferramentas adequadas para a logística reversa, além de viabilizar muito bem
este investimento para que garanta o retorno do palete".
Armando
Carvalho
diretor da Freeart:
"Apesar do custo de
aquisição maior, o palete
de aço tem custo menor
de manutenção."
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Cleber
Massarenti
setor de vendas da PLM:
"A vida útil do
palete plástico está
diretamente ligada aos
cuidados com ele"
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Diego
Andreis
engenheiro da Bertolini:
"O alto custo da
matéria-prima acaba
tornando o produto
final mais caro"
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Douglas
Vieira
diretor da Mevisa:
"Muitas vezes os paletes
se perdem ou retornam
avariados, gerando
prejuízo para a empresa"
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Sustentabilidade
Assunto mais do que esclarecido,
o cuidado com o meio ambiente já foi incorporado pelos fabricantes. Os paletes
de plástico são 100% recicláveis. Primeiro é feita a lavagem do palete, depois
recupera a matéria- prima para fazer um novo que pode ser 100% reciclado ou um
mix com uma resina nova, atingindo as propriedades originais. A PLM está
desenvolvendo um estudo para medir os níveis de emissão de CO2. Ainda em fase
embrionária, o projeto medirá toda a cadeia do palete, desde o aquecimento das
chapas até a reciclagem. Já os de aço precisam ser galvanizados, processo esse
que agride o meio ambiente. Armando da Freeart explica que a empresa fez uma
mudança em seu processo de galvanização para que seja menos agressivo.
Conclusão
O modelo
de madeira utiliza matériaprima reflorestada. Além disso, o processo de
produção é mais limpo, sem emitir gases. "A única parte aonde tem a
possibilidade de agredir o meio ambiente é no transporte. Com o pool de
paletes, a emissão de CO2 diminuiu em 60%", comenta Valdir. A Cia do
Pallet's desenvolveu o "Eco palete", que consiste no gerenciamento
ambiental de algumas empresas com projeto de fabricação de paletes com produtos
do próprio resíduo industrial retirado das empresas. Cada modelo tem suas
vantagens e limitações. Mas independentemente do tipo escolhido, seja plástico,
aço ou madeira, é preciso levar em consideração vários aspectos mas,
principalmente, é preciso pensar no palete como qualquer outro equipamento que
precisa de manutenção e cuidados específicos para que tenha uma vida útil mais
longa.
Heide
Alexandre
diretor da Savik:
"Os paletes de aço
podem ser customizados,
atendendo a diferentes
operações"
Fonte: Revista IntraLogística
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Marcelo
Marsom,
coordenador de
vendas da Siris:
"Em alguns casos o
palete plástico é uma
determinação da Anvisa"
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Renato
Almeida,
gerente comercial
da Schoeller:
"A logística reversa
é determinante para
o sucesso do palete
plástico no mercado"
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Valdir
Zelenski,
gerente comercial da Matra:
"Os paletes de madeira
sofrem com os equipamentos
vendidos ilegalmente. O
pool de palete é uma ótima
solução para as empresas"
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